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Horowitz toca Brahms

29.Set.2007

Horowitz
TOCA
BRAHMS
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SOM DO PROGRAMA
(CONCERTO INTEGRAL)

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Concerto # 2 para Piano e Orquestra
ANDAMENTOS:

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VLADIMIR HOROWITZ
(1903-1989)

Homenageamos hoje um pianista excepcional. Entre os críticos, alguns dizem que foi o mais virtuoso de todos os tempos – e todos estão de acordo em que ele tinha não só uma técnica excepcional, mas também um caráter pianístico deslumbrante… para já não falarmos da sua personalidade fora do vulgar e das curiosidades incríveis que emolduram a história da sua vida.
Vladimir Horowitz morreu há uns anos apenas – e os amantes da música lembram-se de o ver (principalmente através da televisão) fazer do piano um instrumento sublime, já com os seus bonitos oitenta e muitos anos de idade. Os braços caindo à vontade, as mãos repousando sobre as teclas do piano – tudo muito diferente da posição hirta e severa dos grandes pianistas. Mas se o final da sua vida está bem claro na memória de meio mundo, já o caminho que fez até chegar à velhice é cheio de singularidades e até estranhezas…

Horowitz nasceu no dia 1 de Outubro, isso parece certo. Em que ano? – já é mais problemático… No seu país, a Ucrânia, tinha-se como certo que o nascimento tivesse ocorrido em 1904 – mas o pai deixou um dia escapar que afinal tinha sido em 1903… tinha falsificado a idade dele, para o livrar de cumprir o serviço militar e assim poupar as suas especialíssimas mãos. Aqui entre nós, fez muito bem..
Aos 16 anos, o jovem Vladimir Horowitz tinha o Conservatório feito e, para o exame de aferição, tocou nada mais nada menos que o Concerto nº 3 de Rachmaninov – “simplesmente” a obra que muitos consideram a mais difícil que existe para tocar no piano e que muitos chegaram a dizer impossível de ser tocada. Em 1932 tocou pela primeira vez com o maestro Arturo Toscanini, apresentando o Concerto nº5 para Piano, de Beethoven.
Maestro e pianista parecem ter ficado maravilhados um com o outro. No ano seguinte, casou com Wanda, filha de Toscanni. Casamento curioso: ele judeu e ela católica… sem problema, porque nenhum dos dois era devoto. O pior era que ele não sabia falar o italiano dela e ela nada percebia da língua russa dele. Passaram a comunicar-se em francês – e a filha, Sonia Toscanini Horowitz, teve de crescer falando russo, italiano e francês.
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Não é Rachmaninov, nem Beethoven – é Brahms que estamos a ouvir. Concerto nº 2 em Si bemol Maior, op.83. Estamos no 2º andamento, um allegro apassionato, depois do 1º, allegro non troppo.
Uma grande obra, das muitas que Horowitz tocou na perfeição.
Mas houve muito boa gente que disse que o seu estilo era demasiado livre… que não respeitava a linha original dos compositores que interpretava.
Nada disso: Horowitz era, ao piano, simplesmente… Horowitz. O que saía das suas mãos era a sua leitura das partituras. Algo que só os gigantes podem dar-se ao luxo de fazer. Isso, e as transcrições espectaculares de grandes obras; as mais famosas foram as das Rapsódias Húngaras de Liszt. Diz-se que as suas transcrições das Rapsódias nºs 2 e 6 só ele próprio foi capaz de as tocar.
Mas houve mais: as Variações sobre “Carmen”, de Bizet e a marcha “The Stars and Stripes Forever”, de John Philip Sousa. Mas também Schumann, Scriabin, Chopin e Schubert.
Tudo com uma dinâmica tal (fortíssimos esmagadores, seguidos de repentina delicadeza) que ninguém diria o pavor que ele sentia ao subir a um palco.
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Durante muitos anos, Horowitz detestou o palco. Tanto, que várias vezes se retirou da carreira de concertista em público. Passava anos sem aparecer às plateias… e diz-se que algumas vezes, na hora de entrar no palco, tiveram de o empurrar. Como quase todos os espíritos geniais, era modesto e muito exigente consigo mesmo.
Felizmente, havia a possibilidade de fazer programas em televisão – e já antes disso havia as gravações em disco.
Começou a gravar em 1928, quando fazer discos ainda parecia uma arte d outro mundo. Durante a sua longa vida, gravou para as maiores etiquetas e um extraordinário número de obras. A partir de 1985, a Deutsche Grammophon produziu fantásticas gravações de programas televisivos e de espectáculos ao vivo. Nos últimos anos da sua vida foram feitos quatro grandes documentários em que o brilho era tão somente o da magia de um octogenário para quem o piano parecia um maravilhoso brinquedo.
Dominava a técnica das oitavas como ninguém. Conseguia tocar escalas precisas em oitavas extraordinariamente rápidas. As mãos tinham os dedos esticados e o dedo mindinho da mão direita estava sempre enrolado, preparado para a qualquer momento assaltar uma nota. Comparavam-no a uma cobra à espera de surpreender a vítima… Apesar disso, estava sempre muito tranquilo, de corpo descontraído mas imóvel, de rosto imperturbável, serenamente concentrado no piano.
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Concerto nº 2 em Si bemol Maior, op.83
Orquestra Sinfónica da NBC / Maestro Arturo Toscanini



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