Offenbach - Barcarole
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A música que vai preencher o Pretérito Mais-Que-Perfeito traz uma breve crónica da vida de Paris no século XIX.
Em 1858, Paris estava a viver o período de frivolidade e decadência do segundo império pós-napoleónico. A cidade passava por um moderno processo de urbanização, caracterizado pela abertura de novas e amplas avenidas, os modernos boulevards. Os espectáculos teatrais começaram a explorar o humor e o espírito de divertimento, que se tornaram característicos da vida parisiense.
Neste contexto nasceu e ganhou fama o tema musical de uma opereta, então mais badalada que qualquer outra: o Can-Can. Era um dos temas da opereta Orfeu no Inferno. O seu autor era Jacques Offenbach. Dele se disse que regeu o can-can que as platéias dançavam, sendo um participante embriagado e um espectador cínico da orgia da classe alta de Paris.
Offenbach era um alemão (nascido em Colónia) que tinha adoptado Paris como sua cidade e onde começava nesse ano de 1858 a afirmar a sua carreira de compositor e violoncelista. A crítica havia de chamá-lo o "Liszt do violoncello", a par da apresentação de uma série de concertos nas principais capitais europeias, inclusivamente na corte de Londres, onde tocou para a rainha Victoria.
A derrota dos franceses na guerra franco-prussiana de 1870 e os incêndios da comuna de Paris colocaram um final na temporada de danças, risos e champanhe. Offenbach sentia um amargo arrependimento por ter desperdiçado o seu talento a compor músicas populares e de gosto duvidoso. Atraído pelas histórias fantásticas do escritor alemão Ernst Hoffmann, lançou-se no empreendimento de compor uma ópera séria, que ficasse para a posteridade. Assim nasceu a sua obra-prima: Os Contos de Hoffmann.
Quando morreu em Paris, a 5 de Outubro de 1880, Offenbach tinha pronta a sua grande ópera. Mas já não assistiu à estreia dessa sua criação, que seria o maior evento da época.